terça-feira, 27 de novembro de 2012

Mensagem... os "ecos dos pinos"

Ouve agora - Oh curmán - como trespassan os ventos, com'a um frio punhal os teus oscuros dedos...
E - no triste e esquencido pinhal - inda tremen os gregos - desígnios de bardos e carballais: voces e prantos alén dos medos...

Caminha - Pedro! - que é esta terra de ladróns... fagamos uña barca noba - nos portos entre a escura fraga e os pilares augustos da terra de Niñors...

Asi - dende o castro vello... prantado em terra que há de perdurar - falam os soutos de mundos antergos e dos sonos brillantes de nossos pais...

Ouve Bardo - o nosso récio cantar... brei de uma naçon forte... berce de tempo que está a comezar:



O CONDE D. HENRIQUE
Todo começo é involuntario.
Deus é o agente.
O heroe a si assiste, vario
E inconsciente. 
À espada em tuas mãos achada
Teu olhar desce.
«Que farei eu com esta espada?» 
Ergueste-a, e fez-se.

D. TAREJA
As nações todas são mysterios.
Cada uma é todo o mundo a sós.
Ó mãe de reis e avós de imperios,
Vella por nós! 
Teu seio augusto amamentou
Com bruta e natural certeza
O que, imprevisto, Deus fadou.
Por elle resa! 
Dê tua prece outro destino
A quem fadou o instincto teu!
O homem que foi o teu menino
Envelheceu. 
Mas todo vivo é eterno infante
Onde estás e não há o dia.
No antigo seio, vigilante,
De novo o cria!  



D. AFONSO HENRIQUES
Pae, foste cavalleiro.
Hoje a vigilia é nossa.
Dá-nos o exemplo inteiro
E a tua inteira força! 
Dá, contra a hora em que, errada,
Novos infieis vençam,
A benção como espada, 
A espada como benção! 


D. DINIS
Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silencio murmuro comsigo:
É o rumor dos pinhaes que, como um trigo
De Imperio, ondulam sem se poder ver. 
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a falla dos pinhaes, marulho obscuro,
É o som presente d’esse mar futuro,
É a voz da terra anciando pelo mar.  

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